sábado, 25 de fevereiro de 2012

Sobre uma forma de insidiosa traição...


(do Blog Kosmos)

MENTIRAS E INVERDADES...

Estive hoje pensando no quão ilusória é a ideia de que os sinônimos têm o mesmo significado... Deve ser decepcionante para um dicionarista ver que todo o seu esforço em definir as palavras é infrutífero no que concerne aos sinônimos.

Vejamos as palavras mentira e inverdade. Segundo o << DICIONÁRIO PRIBERAM >> temos as seguintes definições:

inverdade (in- + verdade) s. f.
Qualidade do que não é verdadeiro; falta de verdade. = MENTIRA

mentira (origem controversa) s. f.
2. Engano propositado. = FALSIDADE
3. História falsa. = PATRANHA, PETA, TANGA
4. Aquilo que engana ou ilude. = FANTASIA, ILUSÃO
1. Acto de mentir.

Vê-se que mentira é sinônimo de inverdade. Será mesmo? Se sairmos da semântica e partirmos para as relações humanas encontraremos campo fértil para sutis diferenciações... Ou então poderemos adentrar no movediço terreno da ironia e da aleivosia...

Apesar de óbvio, não é sempre uma surpresa perceber que a traição, para existir, pressupõe uma falsa mostrança de amizade? Aleivosia... O sacripanta se põe ao seu lado como amigo, faz-se veemente em sua oferta de apoio, até mesmo doa-lhe sustentação espiritual com simbólicos gestos, como um santinho, uma oração, algo que faz tudo parecer muito, muito verdadeiro...

sacripanta adj. 2 g. s. 2 g.
1. [Burlesco] Que ou quem é desprezível.
2. Sevandija.
3. Beato fingido.

Esse mesmo sacripanta, confrade de todas as horas, confidente, mostra-lhe os dentes e ri de suas piadas. Concede-lhe a honra de alguns apelidos, tanto quanto divide com você os apelidos que distribui aos demais, sempre com aquele sorriso de cumplicidade, intimidade...

Depois de algum tempo, precisando de alguns favores, achega-se com a mesma cumplicidade assim conquistada para algo aqui, algo ali... E você, desejoso de ser um bom amigo, à altura daquele íntegro sevandija, chega até mesmo a tomar-lhe alguns pesos, aliviando-o em seus devidos esforços...

Situado o parasita sobre o ombro amigo que cultivou em sua alma, passa a sugar-lhe mais vitalidade com lamúrias de toda ordem, expondo o quão sacrificado lhe tem sido a lide diária, sob injustiças, sem o reconhecimento que, por um mínimo de bom-senso, todos os demais deveriam lhe creditar.

Vez por outra demonstra preocupação com sua saúde, seu bem-estar... Pergunta se você está bem...

Mas em sua ausência... Ah! Em sua ausência...

Mentiras e inverdades são misturadas no amálgama da má-fé e da insídia. Fatos e circunstâncias são relatados a plenos pulmões sobre os seus senões, suas dificuldades, os limites absurdos que você exibe e que põem em risco o desenvolvimento de qualquer trabalho de mínima qualidade...

E assim você, que seguidas vezes aliviou o peso do trabalho desse sacripanta parasita, é exposto diante de muitos como um irresponsável, ausente, doente... Alguém com quem não se pode contar...

Mentiras e inverdades são anunciadas sem que se diga nada além de fatos cujas causas e consequências não se vinculam ao conteúdo demeritório que, desde o início, foi o objetivo dos comentários distribuídos com generosidade, sempre sob a mortalha da dignidade.

É possível lançar no lodo a reputação de uma pessoa com mentiras montadas em fatos reais, distorcendo-se a realidade para os fins egoísticos que ainda seduzem almas incompetentes e invejosas.

Lembremo-nos de uma premiada campanha publicitária do Jornal Folha de S. Paulo:

Uma das mais marcantes propagandas começava com um pequeno ponto preto na tela da TV e narravas as proezas de um homem. Em alguns segundos, centenas de outros pontos formavam um retrato em branco e preto de Hitler e o narrador alertava: "É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade. Por isso é preciso tomar muito cuidado com a informação no jornal que você recebe. Folha de S.Paulo, o jornal que mais se compra e o que nunca se vende".

Fonte:

No dia-a-dia vemos isso acontecer em vários setores e com várias vítimas da maledicência disfarçada de seres de categoria inferior.

Ainda bem que a verdade sempre vem à tona... Existem os que, ouvindo as narrativas críticas de membros dessa escória, terminam percebendo-lhe a intenção ofídica.

Tomemos muito cuidado com a ênfase com que alguns vociferam "verdades" em detrimento de alguém... Tomemos muito cuidado porque, se hoje a vítima é mais alguém, nada impede que virá a ser você mesmo tão logo o canalha assim entenda para a defesa de seus interesses...

(escrito por Marco Aurélio Leite da Silva)

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