Do Blog Kosmos:

Vergonha de ser honesto...

A história do Brasil não é exatamente uma saga de heroísmo, tampouco havendo grandes vultos e conquistas a serem mencionados. Na verdade, infelizmente, a meio a um ou outro momento de glória, o que temos é uma sequência vergonhosa de negociatas, falcatruas, dilapidação do patrimônio público e, talvez a mais lamentável trinca no caráter do brasileiro: a ideia imediatista de conseguir vantagens e ganhos através de expedientes e artimanhas em prejuízo do procedimento regular.

Nem sempre a busca dessas vantagens importará em atos ilícitos; ainda assim haverá, sempre e sempre, no mínimo, quebra dos princípios éticos que a situação comporta. Tal postura, em se repetindo e se multiplicando no transcorrer do tempo, levou a um indesejável aumento da tolerância da sociedade. A criatividade para expedientes escusos tornou-se uma virtude, confundindo-se ardil com inteligência. Até mesmo o Águia de Haia expressou sua indignação para com a absurda inversão de valores, desnudando a triste sina brasileira:

"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto."

O cidadão honesto passou a ser visto como um simples obtuso em meio à esperteza de raposas e à voracidade das aves de rapina.

E assim sedimentou-se a República, sobre os escombros morais de uma colônia que recebeu a Coroa como se não fosse colônica, e de um império que teve por único mérito impedir a fragmentação do país. Não apenas o sangue de gente que queria edificar uma nação correu nas baionetas imperiais, como também a honra da singular situação de um imperador herdeiro do trono da ex-metrópole.

E hoje em dia? Mandioca, Paulipetro, Lutfalla, aloprados, mensalão, transportes, esportes etc etc etc...